O conto A Biblioteca de Babel que postei alguns trechos aqui e cuja fonte ficou ilegível ... corrijo: é da obra Ficções de Jorge Luis Borges. E hoje á vez de transcrevermos aqui as palavras de Vitor Hugo em seu engrandecimento ao Livro. Esse trecho é da obra O corcunda de Notre-Dame:
"...o gênero humano tem dois livros, dois registros, dois testamentos: a arquitetura e a imprensa, a bíblia de pedra e a bíblia de papel. Sem dúvida, quando se contemplam essas duas bíblias tão largamente abertas nos séculos, é permitido ter saudades da majestade vísivel da escritura do granito, esses gigantescos alfabetos formulados em colunatas, em pórticos, em obeliscos, essas espécies de montanhas humanas que cobrem o mundo e o passado, desde a pirâmide até o campanário, de Quéops até Estrasburgo. É preciso reler o passado sobre essas páginas de mármore. É necessário adimirar e folhear incessantemente o livro escrito pela arquitetura, mas não se deve negar a grandeza do edifício que, por seu turno a imprensa ergue.
Esse edifício é colossal. Não sei que fazedor de estatísticas calculou que pondo uns sobre os outros todos os volumes saídos do prelo desde Gutenberg se encheria o intervalo da Terra à Lua; mas é dessa espécie de grandeza que queremos falar. Quando se procura recolher no pensamento uma imagem total do conjunto dos produtos da imprensa até os nossos dias, esse conjunto não se nos antolha como uma imensa construção, apoiada sobre o mundo inteiro, na qual a humanidade trabalha sem repouso, e cuja cabeça monstruosa se perde nas brumas profundas do futuro? É o formigueiro das inteligências. É a coméia onde todas as imaginações, essas abelhas douradas, vão depor o seu mel. O edifício tem mil andares. Aqui e ali vê-se desembocar sobre suas rampas as tenebrosas cavernas da ciência que se entrecuaram nas suas entranhas... Aí cada obra individual, por caprichosa e isolada que pareça, tem o seu lugar e a sua projetura. A harmonia resulta do todo... É a segunda torre de Babel do gênero humano." p. 178-9.
O que está mais destacado aqui em Victor Hugo é a magestade da inteligência humana e as maneiras que usa para perpetuá-la...sabemos que desde os primórdios a humanidade deu um jeito em deixar seus registros... veja-se que esse romance histórico foi lançado, segundo Wikipédia, no ano de 1832 e suas estatísticas asseguravam que a quantidade de livros impressos encheria o intervalo entre a Terra e a Lua... e aí ele e Borges se encontram em um só pensamento: A segunda Torre de Babel do gênero humano. O que diria Victor Hugo se pudesse prever ou ter subsistido até os nossos dias? ou seja dois séculos depois... o número de livros impressos com certeza cresceu diria ele... e poderia preencher o espaço entre a Terra e... mas aí ele lembrou que a revolução tecnológica deteu o poder de miniaturizar em arquivos compactos e eletrônicos as obras escritas porque não havia mais espaço entre a Terra e Lua ... então a Humanidade criou outro mundo para edificar os seus livros... pensaria ele... o homem tem o dom da construção!
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